Praticantes de todo o país
protestam contra o polêmico campeonato de Free Running da Red Bull
Pelo
nome de “Disaster of motion”, em um ato que começou na sexta-feira, uma dezena
de vídeos já rodam a internet ironizando o campeonato: percursos aleatórios,
coreografias, danças, montagens e outros compõe esse protesto simbólico.
Ironias
à parte, o assunto é sério. Desde o primeiro evento, em 2007 na cidade de
Viena, o campeonato têm provocado diversas posições diferentes entre os
praticantes de parkour. Debates sobre como esse evento influencia a comunidade
praticante, a referência que as pessoas têm do parkour, se é possível outra
forma de competição mais saudável, os valores humanos da prática, têm sido
frequentes pelas redes sociais e encontros.
No Brasil
o evento ocorreu em 2011 e que, no intervalo das apresentações, cerca de 20 pessoas invadiram a arena da competição e fizeram um
ato contrário ao evento(http://www.youtube.com/watch?v=P26OkyJnkaQ).
Relevante também lembrar de como, apesar dos esforços e diálogos com a Red
Bull, a empresa não cumpriu com algumas demandas, entre elas: não chamar o
evento de parkour e de alguma forma promover o “real” parkour. Um dos principais problemas, portanto, é a
ligação do peso da palavra “parkour” ao evento.
Duddu Rocha,
presidente da ABPK e idealizador do protesto virtual, critica a forma em que a
empresa produz o evento: “Acredito que a forma
esdrúxula do formato da competição que obriga os praticantes a se exporem de
forma muitas vezes negligente e arriscada em prol da empresa.” Destaca
que não é contra ao Free running ou até à própria competição em si, mas de como
esse modelo é nocivo. É notável também sua preocupação em manter a integridade dos
valores do parkour(cooperação, autonomia, ser útil), os quais seriam deixados
de lado em prol do exibicionismo puro ou por viagens e prêmios.
Participante 2 vezes do campeonato, Paulo Victor (PV), pensa de outra forma. PV ressalta que achou bastante seguro, que a empresa dá apoio e há equipe médica. Também fala que os acidentes são comuns em qualquer esporte em que o praticante extrapola. Sobre o espírito de competição, respondeu: “Eles vão para se divertir mesmo e treinar juntos. A competição na verdade é como se fosse um treino coletivo, porque o espirito competitivo é totalmente esquecido ali.”
Participante 2 vezes do campeonato, Paulo Victor (PV), pensa de outra forma. PV ressalta que achou bastante seguro, que a empresa dá apoio e há equipe médica. Também fala que os acidentes são comuns em qualquer esporte em que o praticante extrapola. Sobre o espírito de competição, respondeu: “Eles vão para se divertir mesmo e treinar juntos. A competição na verdade é como se fosse um treino coletivo, porque o espirito competitivo é totalmente esquecido ali.”
Para Rodrigo
Florêncio, praticante de Natal, os vídeos demonstram a volta à disputa entre “parkour
x free running”, causando um desgaste desnecessário entre os praticantes. Também
destaca que são expressões corporais diferenciadas cada uma com um determinado
desenvolvimento. Quanto à competição, reforça que é uma escolha pessoal a
participação e que “querem mostrar o que sabem, e alguém proporcionou isso.”
Questionado sobre a eficácia do ato,
Marcelo Monteiro, praticante de Vitória, pondera: “Acredito que a manifestação
é válida, porém só acredito que sua eficiência tem que ser bem planejada e não
deixar que vire algo para curtição.”
As críticas ao protesto não são poucas, Jean Wainer(G1), diretor da academia Tracer, é direto: “Acho ridículo. Estão mais promovendo a red bull e o art of motion do que promovendo os valores do parkour. Essa campanha só promove e incita o ódio, e em momento algum promove os valores do parkour.” G1 também chama atenção da variedade de críticas que se formaram contra a empresa, em que muitas não criticam os riscos ao praticante ou o exibicionismo, mas agridem de forma gratuita. Em 2011 Jean participou na organização do evento no Brasil, mas ressalta que sempre foi contra o Art of Motion e que inclusive explicitou isso para a empresa, “O que mudou foi: antes eu apoiava confiando no cumprimento de combinados. Agora, obviamente, nem isso.”
Paulo Cezar(PC), da Omnis, diz que é um protesto em vão e deveria ser direcionado para ações mais efetivas. Também destaca que a competição existe porque há público para isso, tanto internamente entre os praticantes como exteriormente: “As pessoas querem ver o parkour sendo disputado, assim fica mais simples para elas entenderem [..] Os moleques praticam parkour pra poder aparecer em eventos como esse. Se você não faz isso, não quer isso, pra que atacar?” Aprofunda também a reflexão ao dizer: “A Red Bull não molda o caráter de ninguém. Se você é gente boa e acredita no parkour como força modificadora da sociedade, nada te impede de participar disso. O buraco é mais embaixo e tem a ver com o indivíduo.“
Há um reconhecimento, por parte do Duddu, de que essa não é a melhor forma, mas que já é um jeito da indignação tomar forma: “Eu acho que essa medida, se não é a melhor, ao menos mostra um caminho até mesmo para essas pessoas: que eles podem abrir a boca e tomar um partido.”
Confira os videos “Disaster of Motion”: http://www.youtube.com/watch?v=-7Z5WHlvn-s&list=PL2dnJedKyl4lPIz7vp5J2rgFcWYNeiYwX
Manifesto: https://proparkourbr.wordpress.com/2013/08/06/disaster-of-motion-manifesto-contra-o-art-of-motion/
Texto por Gustavo Ivo
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