23 de fev. de 2015

Reflexão sobre o Medo

Texto por Daniel Ribeiro
Revisão Gustavo Ivo/ Juliana Fagardini

É um tanto cômico sentir-se vivo por conta do medo. O medo é algo que faz parte de qualquer ser humano, penso eu.


Hoje, como de costume, deparei-me com uma situação um tanto corriqueira para mim, saltar. Eu e mais alguns amigos saímos para treinar. Começamos a treinar e depois de um tempo subimos em um muro relativamente alto, uns 3 metros, o mesmo só comportava a parte frontal do tênis, a visão era no mínimo desconfortável. Na frente do muro tinha outro muro, um pouco distante um do outro, nesse muro à nossa frente havia um recorte no qual dava para encaixar somente as mãos para se segurar. Foi proposto por um colega a ideia de pular de onde estávamos de encontro ao muro com o recorte como se nossa vida dependesse disto. Esse salto chamamos de "cat", treinamos muito esse tipo de salto e é algo meio natural pra gente.


Depois de passar um tempo sobre o muro e ter arregado várias vezes de pular, levantei-me de onde estava sentado e com a ajuda de um amigo mantive-me em pé e passei um certo tempo observando o lugar onde teria que me segurar. Nesse momento pude sentir o quanto meu corpo estava gritando. Minhas pernas tremiam sem parar, minhas mãos suavam incessantemente e eu não conseguia me concentrar no outro muro. Eu me senti tão vivo a ponto de não querer mais sair dali, o medo de cair e não só cair, mas me machucar na queda me fez sentir cada célula vibrando. Mas lembrei que tinha que pular, depois de ouvir que se eu não pulasse em dez segundos seria "jogado" do muro. Depois de retomar a visão para o muro à minha frente mirei no recorte e puxei todo o ar que consegui para dentro do meu peito, larguei a mão do meu amigo e simplesmente fui, com medo ainda. Eu sabia que depois de pular não teria volta, nem pause, nem replay. Era ficar ou cair uns dois/três metros no barro.


Depois que meu pé saiu do muro eu fiquei anestesiado, senti o atrito dos meus pés no muro e logo em seguida o impacto das minhas mãos no recorte do muro. Percebi que tinha chegado, ainda tremia e suava, mas sentia-me vibrante.


Voltei ao muro e repeti o salto, sem o medo desta vez. O medo é algo constante, acredito que só passamos por cima dele depois de enfrentá-lo cara a cara. Cair, me machucar, sentir dor são coisas que aprendi a lidar durante meus poucos anos de vida. Não culpar ninguém a não ser eu mesmo por minhas falhas, por meus medos, por meus fracassos. Eu sabia que mesmo que eu pulasse por pressão dos que estavam ali, eu que arcaria com o sucesso ou com o fracasso. O "controle" estava comigo, eu escolhi suportar o medo.


"Suportar o que parece insuportável com força e dignidade", sigo nessa filosofia. Aprender a conviver e suportar o medo é fundamental para superar os desafios, sejam eles quais forem.

Gaman.



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