3 de mar. de 2011

Parkour em cena

Na foto: João Rafael Neto


É cada vez mais comum observarmos o parkour sendo utilizado como um meio em diferentes artes seja cinematográfica, circense ou teatral. Como qualquer atividade nova que tem algum apelo estético, o parkour vem conseguindo uma visibilidade ainda pequena, mas progressiva no meio artístico. Obviamente que essa visibilidade se deve à forma como o parkour foi desenvolvido. A prática que teve um “bum” de visualizações através de vídeos no YouTube não poderia ficar na escuridão do underground por muito tempo. Afinal, a fatia do bolo que da noite para o dia se interessou por ela demonstra o quanto de alcance de público ela tem espalhada pelo mundo.


Além das produções cinematográficas já conhecidas pelos tracers de plantão, o que nós podemos observar é que artistas de um modo geral perceberam o quão produtivo e instigante poderia ser trabalhar com essa estética. Assim sendo, a busca por profissionais competentes para instruir e fazer parkour vem crescendo de forma assombrosa pelo mundo e no Brasil não poderia ser diferente.

Tivemos alguns exemplos de grandes companhias que buscaram no parkour uma forma de se renovar ou simplesmente agregar a prática às suas apresentações. E isso vem se repetindo de forma vertiginosa. Dessa maneira, resolvemos olhar um pouco para o próprio umbigo para saber o que Salvador está produzindo nessa linha e, para nossa grata surpresa, o parkour também invadiu os palcos soteropolitanos.

Pois é, aqui tudo começou com o espetáculo de dança “Trilhas Urbanas”, coreografado por João Rafael Neto e Leandro de Oliveira. O espetáculo em questão trata de como a percepção do ser humano se modifica por causa do espaço físico. Dialogando com o meio urbano os dançarinos interagiam com um cenário “mutante”, assim como as nossas cidades, que a cada dia têm um prédio novo, uma rua nova. Com cunho extremamente contestador e político a coreografia do grupo casou de forma plena com o parkour que deu vida a alguns dos momentos mais belos do espetáculo.

Outro espetáculo que teve o parkour como base da preparação corporal foi “O Programa” com direção de Ana Antar (pessoa que vos escreve). Visando transportar os personagens para um lugar extra cotidiano, me utilizei do parkour para provocar nos atores sensações como medo, desespero, stress físico e mental, trabalhando com a necessidade de adaptação mais intrínseca do ser humano: a sobrevivência.

Por fim, temos um espetáculo (ainda sem nome) do Grupo Finos Trapos, direção de Yoshi Aguiar com estreia prevista para o primeiro semestre desse ano. O Grupo está realizando uma pesquisa sobre o espaço cênico da rua, dessa forma foi buscar no parkour uma ponte de diálogo com esse espaço cênico, interagindo com o meio circundante. O grupo ainda não sabe se vai existir parkour no espetáculo, que está em processo de montagem. Por ora, os atores estão treinando e descobrindo as possibilidades corporais da prática (em breve traremos mais novidades sobre a peça).

Observando esses três espetáculos, descobrimos uma coisa que liga todos eles, na verdade uma pessoa, o coreógrafo e dançarino João Rafael Neto. João esteve de alguma forma presente em todas essas montagens, seja como coreógrafo, dançarino ou suporte técnico. Ele apresentou os primeiros caminhos e instruções a cerca do parkour para esses diferentes grupos e, dessa forma, achei por bem chamar o próprio João Rafael pra um bate papo, pra entender melhor a relação dele com a prática e como esta vem se desenvolvendo artisticamente. Então, podem esperar que muito em breve João estará aqui conversando conosco nos mostrando seu ponto de vista e como ele enxerga a  ascensão do parkour nos meios artísticos e nos palcos soteropolitanos. 



1 comentários:

Poki? disse...

Eu sempre digo que o Parkour está sendo utilizado pela mídia cada vez mais, só não sei se em todo caso isso é proveitoso... achei super interessante a matéria, espero que as pessoas aprendam alguma coisa com ela.

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