4 de jan. de 2012

Coisa de Criança

Texto por Stephan "xixi"

Bons tempos de criança em que corríamos, pulávamos, nos sujávamos, brincávamos e fazíamos meio mundo de besteira. Oh Deus, vai me disser que ficar contando 30 segundos com a cara colada na parede para depois fica procurando pessoas por horas e horas não era uma das melhores coisas do mundo. Mas a medida que crescemos essas coisas se perderam, pelo menos para pessoas que não praticam parkour.


   Em mais um “exemplo tirado do debate no final de um encontro de parkour” que rolou na reunião aberta da ABPK no 7º Brasileiro, uma traceuse relatou um acontecimento, que, sobre diferentes circunstâncias, acho que estamos mais que acostumados a aturar. Geralmente ela corta caminho pela casa pulando a janela do quarto. Certa vez o pai a viu fazendo isso, e disse que era criancice. 

   Isso acontece quase sempre conosco, mas de hábito a palavra usada é maluquice e as palavras vem pessoas aleatórias. Ou seja, a sociedade atual vê adultos como seres incapazes de brincar as brincadeiras que elas costumavam fazer quando eram pequenas. Acho que boa parte dos não praticantes que conhecem o parkour, não começam por terem medo disso, de verem sua maturidade subjugada pela sociedade (isso e a ideia de que parkour é uma atividade de alto risco, mas não vem ao caso agora). E até para os que estão começando é uma questão complicada, exposta na realidade de que evitam treinar sozinhos. Mas nós que já estamos por aí com pelo menos alguns meses de parkour nas costas já aprendemos a ignorar esse fato e perder esse medo irracional. 

   Como diz algum comercial que vi uma vez, “O corpo humano foi feito para se mexer.”, mas em algum ponto da evolução perdemos esse referencial, tanto na evolução da humanidade como na evolução dos indivíduos. Seja pelos avanços tecnológicos que tornam as gerações cada vez mais preguiçosas ou pelo cultismo e abstinência de “diversão física” passada de geração em geração e cultivada pelo atual estilo de vida, é como se o direito de brincar, moralmente falando, fosse reservado a criança. 


    Se for assim, que me achem uma criança. Para mim parkour sempre foi nostálgico. Sempre me lembra aqueles bons e velhos tempos de literariedade e a diversão entre amigos. Sempre me fez sentir um pouco criança de novo e fazer esquecer que hoje tenho preocupações da vida adulta. Sempre me faz olhar para as pessoas e pensar “Elas não sabem o que estão perdendo.”. Desde que comecei sinto que um instinto de querer pular e correr sempre que possível, aquela mesma sensação que nos tínhamos anos atrás, foi reavido. Resumindo: Parkour sempre me faz sentir no auge da minha infância. 

   Claro que agora as coisas são um tanto diferentes. Os picks, a correria, as subidas, os pulos, e até os sermões, mudaram. Sem deixar de ser divertido, um objetivo e um careter mais sério estão inseridos nessas “ações infantis”. Acho que de certa forma posso dizer que o tracer dentro de mim é o amadurecimento da criança interior, que pula para pular cada vez mais alto, corre para corre cada vez mais longe, e sobe para subi cada vez mais alto (E recebe sermões para aprender e conhecer, e não só para ignorar). Enquanto isso a criança interior das outras pessoas são trancafiadas, ou direcionadas para outro caminho.

   Mas é isso aí, enquanto o mundo não volta a ter pessoas normais, eu digo:
- Se for por eu ser um tracer, que se dane, podem me chamar criança!... ou maluco.



2 comentários:

Unknown disse...

Boa moleque...
Realmente o Parkour desperta o lado criança e divertido da vida, que muitas vezes é obstruído por tantas responsabilidade do dia a dia.

Mas é bacana falar nisso, porque acho que também não devemos ser tratados como crianças também e nem gostar muito dessa posição. Somos homens porra, e temos que ter postura de tal.

Mas...isso não quer dizer, que sejamos sérios e sem graça. O quero dizer, é que devemos nos diverti com a prática, agir e ter postura de homem, e as vezes fazer merda, porque a vida também precisa de adubo...

O importante é ser você mesmo independente do que as pessoas achem ou falem.

Anônimo disse...

"Se for por eu ser um tracer, que se dane, podem me chamar criança!... ou maluco."

Essa marcou o início de ano!!! parabéns Xixi! texto excelente =D

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