26 de nov. de 2011

Ser Tracer



De fato um tema batido. Textos e mais textos sobre diferentes aspectos do assunto estão rolando por aí, mas bem, cada um tem sua opinião, o que torna cada um desses artigos diferentes. A essa altura você já deve estar cansado e ouvir e ler “filosofia do parkour”, “quem gira não é tracer”, “parkour não tem competição”, “ser modinha é ruim”, enfim, meio mundo de paradigmas. A questão da origem delas está no que considero a essência de ser um tracer. 
Talvez esteja errado ao dizer isso, mas pelo meu conhecimento, parkour nunca teve parâmetros estabelecidos para dizer onde acaba e onde começa, logicamente seu subproduto, o praticante, não seria diferente. Então assim como cada indivíduo acrescenta no seu conceito de parkour o que bem entende, o conceito de ser um tracer também vai ser moldável.

Não entendeu o parágrafo anterior? Certo, vou colocar da seguinte forma... Você já viu Belle dizer “Parkour não é esporte!”. Quem sabe ele até já tenha dito, mas como nunca ouvi, acredito fielmente nesse “mandamento” difundido entre nós. Isso acontece com praticamente todos os ditos que conhecemos. Eles formam, diga-se de passagem, a bíblia do parkour. Cada praticante tem uma bíblia diferente, alguns salmos se repetem mais, outros nem tanto.

Claro que nem todas essas bíblias vão conter verdades ou mandamentos coerentes. Se um maluco qualquer achar como verdade que tudo que ele treina não tem absolutamente nenhuma aplicação prática, estará apenas assumindo o papel de outro maluco ao concordar. Estes que possuem sua bíblia defeituosa, não necessariamente incompleta, já estão indo pelo caminho do lado negro da força. Não é um caminho sem volta, mas poucos querem sair dele.

Qualquer um pode pular um muro, passar de um batente para outro, ou agarrar uma parede, a diferença entre o leigo e o praticante é a vantagem das técnicas que este possui e conhece. Agora a diferença entre o praticante e o verdadeiro tracer é a consciência que o segundo possui sobre aquilo que ele está praticando.

Não que eu seja adapto da tal “filosofia do parkour” que todo mundo fala, mas de fato existe uma base ideológica. Essa base ideológica são os paradigmas difundidas as quais me referi antes. Aliás, paradigmas não, o mais certo seria cultura. Ah, sim essa é a palavra, cultura. A cultura da preservação corporal, da brutalidade, até dos valores morais de bom samaritano. O tracer não é aquele que simplesmente pratica parkour, mas é aquele que entende e partilha essa cultura.

Estar por dentro dos acontecimentos do mundo relativo a esse universo também parece ser parte essencial da coisa. Para mim não é. Uma pessoa pode muito bem compreender o que faz, por que faz, e outras questões e respostas relativas que já basta. Também não é preciso ser um David Belle da vida. Precisões de 8 pés e climbs de cotovelo podem muito bem servir para alguém.

Nessa história sobram os “modinhas”, digo modinhas mesmo. Free-runners e trickers são o que são, eles buscam mais a diversão, a liberdade, do que a utilidade. Isso não é um pecado parkourcional (o trocadilho foi horrível mesmo). Mas até os verdadeiros Free-running e tricks carregam consigo parte da cultura do parkour. Um ponto, por exemplo, que os 3 tem em comum e a preservação corporal, claro que cada um com seu nível de preocupação, e a perseverança. Eles sabem que o que eles fazem não é parkour de verdade, que é uma coisa bem “enjoy”.

Porém existem os pseudo Tracers / Free-running, os derradeiros modinhas. Assim os intitulo porque fazem coisas que se parecem com suas respectivas práticas, mas ignoram os princípios existentes nelas. Por exemplo: o true free faz coisas mirabolantes pela diversão; o pseudo free procurar dizer “Olha o que eu sei fazer”. O true tracer sabe que parkour não se trata de competição; o pseudo tracer quer provar que é o melhor. Seria amenizante se eles soubessem ou admitissem, mas isso não rola. Nosso amigo Gustavo faz uma colocação interessante: “O free-running de Foucan é muito mais parkour que muitos tracers por ai.”.  Bem, também são modinhas essa galera que é menos parkour que os próprios free-runners. Salvam-se da posição de modinha os iniciantes, em todas as modalidades. Assim como um garoto precisa de experiência para virar homem, um iniciante precisa de experiência para virar um tracer.

Parkour não se resume a fazer landings e precisões. Free-runner não se resume a fazer giros. Ambos consistem em uma combinação muito mais complexa. Não vou listar tudo que o torna um tracer ou free de verdade, até porque não sou esse tracer todo pra fazer uma coisa dessas. Ser modinha é uma questão de escolha, basta admitir que não faz nada além de pular muros com um pouco mais técnica e começar a entender e respeitar pra valer o mundo do qual faz parte.

Nota: Se você se sentiu referenciado nesse texto então é bem capaz de que tenha sido por uma boa razão.

5 comentários:

Gustavo disse...

Quem comentou aquela pssagem do Freerunning de foucan foi o outro gustavo! =x aushuahs

George Sousa disse...

Como foi dito o tema é repetido, mas textos como esse sempre acrescentam. Principalmente porque a medida que o tempo passa temos novos pensamentos e junto a ideias como essas vamos mudando ou aprimorando nossos conhecimentos.

Unknown disse...

Ahhhh xixi !
Tu lê o chat do grupo e ainda me corta do baralho.Tqpariu viu!

"Nosso amigo Gustavo faz uma colocação interessante: “O free-running de Foucan é muito mais parkour que muitos tracers por ai.”"

Porra, Foi eu -.-' ..!

Unknown disse...

Eu vi isso foi quando Gust Ivo digitou no Docs...

Duddu Rocha disse...

Gostei. Esperava me decepcionar com essa pstagem mas isso não aconteceu. Sinto que você ficou em cima do muro e reconheceu isso no final do texto.

A passagem mais interessante é sem dúvida:

"Agora a diferença entre o praticante e o verdadeiro tracer é a consciência que o segundo possui sobre aquilo que ele está praticando."

Comentei isso com as pessoas daqui ontem mesmo.

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