29 de ago. de 2011

Traduções: Parkour em Salvador

Pois é, galera, mais uma coluna pro site!
A nova coluna de Traduções será composta por diversos artigos referentes à comunidade de tracers de Salvador e ao Parkour em geral.

Na estréia escolhi o texto de nosso amigo gringo Blake Evitt no qual ele trata um pouco sobre suas experiências aqui na cidade.

O olhar de alguém que vem de fora sobre o parkour daqui pode ser bem enriquecedor pois nos instiga a pensar sobre o cenário atual do parkour em Salvador

O texto tá bem legal e leve, espero que apreciem a leitura.


Parkour em Salvador

Autor: Blake Evitt
Viajar de Brasília para Salvador foi um dos trajetos mais longos que fiz, mas, provavelmente, um dos mais interessantes, já que pude perceber a drástica mudança na paisagem entre o planalto central, o cerrado em torno de Brasília, e a costa verde de Salvador (além, claro, do aumento de temperatura). Ao chegar em Salvador, encontrei-me  com Gustavo “Tortuga” (apelido que vem do fato de suas costas abertas e fortes assemelharem-se ao casco de uma tartaruga). Apesar de ser certamente o tipo de cara silencioso, passar o tempo com Gustavo e sua família foi bem divertido e, enquanto estive por lá, senti-me em casa. Também descobri que apesar de sua calma e do seu jeito de "baiano”, Gustavo é absurdamente forte e tem muita técnica. Além disso partilhamos a mesma simpatia por viajar. As mais de 15 viagens para diferentes partes do Brasil que ele fez no último ano (todas relacionadas ao Parkour) fez dele um dos tracers que mais viajam no Brasil, embora me surpreendeu o fato de ele nunca ter saído do país.

No meu primeiro dia, em si, na cidade, fiquei "descansando”, embora tenha andado cerca de 10km explorando a cidade (neguei-me a pegar ônibus – não me pergunte porque). Com o passar do dia fiquei admirado de como essa parte do Brasil se enquadrava tanto com a imagem que tinham me passado. Tal fato, entretanto, não pode ser atribuído a uma única variável, a combinação da arquitetura, o clima, o povo, e, de modo geral, o “jeito baiano de ser” deixava a atmosfera da cidade bem singular e diferente da do resto do Brasil.




Percebi que os tracers soteropolitanos também incorporavam essa atmosfera e, embora o estereótipo do “baiano folgado” não seja lá bem verdadeiro, aos treinos em Salvador tinham um clima muito mais relaxado do que em outros lugares. Uma das principais brincadeiras daqui era um tipo de “siga o líder” no qual alguém - de repente -  começava a fazer um percurso aleatório. Todo mundo então deixava de lado o que estava fazendo (até quem tava de bobeira) e seguia o percurso. Frequentemente o jogo acabava de modo tão inesperado quanto começava. O treino então "resfriava" e tudo voltava como estava antes, pra quem via de fora, as situações de antes e depois eram idênticas.

Embora o método baiano de treino não seja exatamente meu tipo de treino (prefiro muito mais treinar forte por uma ou duas horas e aí então me distrair um pouco – não gosto de misturar os dois), ele permitia que os treinos durassem bastante tempo, quase que a maior parte do dia (comumente fazendo as mesmas coisas que eu faria em uma ou duas horas). Apesar de ser frustrante às vezes, foi melhor para mim, pois já estava fadigado de viajar sem parar, passar por 2 meses de treinos fortes, poucos dias de descanso, além de estar variando muito o cardápio.
Tem certeza de que é um passeio normal? Que tal o pico perfeito para precisões?

        Paraíso dos corrimões, conta ainda com umas barras e uma tenda de açaí há uns 50m.

opa,  quem disse que não pensaram nos tracers?

Há 25m do pico da foto de cima - passamos umas boas horas de treino entre os dois.
        Os baianos eram bem divertidos. Sem dúvida havia entre eles uma atmosfera de família que provavelmente vinha da própria cordialidade baiana, e também do fato de passarem um bom tempo treinando juntos. Apesar de serem um dos grupos mais jovens que conheci no Brasil, a diferença de idade não influenciava muito no nível deles, embora as piadas mais comuns fossem de conteúdo bastante precário (tá, tenho que admitir que até curtir isso)
Nos últimos dias em Salvador, Ana e Faluk propuseram uma sessão de “rappel urbano” com um grupo local. Fiquei intrigado de como era o processo já que não vi muitos prédios altos pelo centro da cidade. Gustavo e eu, assim, resolvemos ir lá conferir. Ao chegarmos lá, percebemos que, ao invés de em prédios, faríamos rappel de uma passarela (que devia equivaler há uns 3 andares) para uma área com grama entre duas vias de ônibus bem movimentadas. Além disso, o grupo incluía também saltos “pêndulo kamikaze” (como o batizaram). Era um processo que envolvia escalar ao topo da passarela, ir para o extremo de um dos lados , e se jogar de vez - sem esquecer, claro, do grito de guerra. A corda que ficava presa à cintura era amarrada a um ponto abaixo da passarela, do lado contrário aos saltos, o que significa que depois de um ou dois segundos de queda, a pessoa era puxada de volta, ficando em um balanço pendular, e ,de quebra, ainda assustava uns motoristas logo abaixo. Apesar de até parecer divertido, decidi não arriscar essa versão mais extrema, e fiz rappel do jeito normal, especialmente após ter sérias dúvidas quanto à data de expiração de meu seguro internacional de saúde, e se no plano incluía-se os saltos kamikazes.

- vídeos e fotos dos pulos da passarela não serão mostrados nesse artigo para que minha mãe continue a apoiar minhas viagens.

Já que Salvador é tão conhecida mundialmente pelas suas praias, acharam que minha visita estaria incompleta até que eu fosse ao menos a uma. No sábado, Gustavo “Tortuga”, Gustavo, e eu fomos até uma praia fora da cidade que realmente fazia jus à reputação, não deixava nada a desejar. Depois de uma manhã vendo os surfistas, curtindo as ondas, praticando uns giros, e observando algumas "nativas" (as brasileiras, diga-se de passagem, tem um "q" a mais), fomos até um pico próximo treinar com os outros tracers por mais algumas horas.
Dizer adeus no domingo foi meio estranho porque, em uma das primeiras vezes desde que saí de casa, tinha mais cara de “ até daqui a pouco” do que um “ até quem sabe algum dia no futuro” já que eu os veria de novo em poucos dias no Encontro Nordestino em Aracaju...

Tradução livre por Gustaf.
Link do artigo original: Aqui

Aproveito o espaço pra mandar um grande abraço pro Blake que , à essa altura, já deve ter passado por marte..

O que acharam da visão de Blake? Condiz com a realidade?
Gostou da tradução? Percebeu algum erro?

Comente!

Quer ver algum artigo traduzido aqui? Mande sugestões pra gente pelos comentários ou pelo e-maill: contato@parkoursalvador.com.br

Até mais!

1 comentários:

George Sousa disse...

Legal, deu até vontade de ir pra Salvador agora, mas nem dá. Quem sabe no futuro.

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